18.8.14

Carlos Reis e Roque Gameiro

Comemorou-se, no passado domingo, o Dia Internacional dos Museus.

Muitos são os dias disto, daquilo e daqueloutro sem qualquer significado, a não ser engrossar a lista de efemérides comerciais.

Não foi o caso deste. Enchi-me de brios e fiz duas visitinhas para assinalar o dia: ao Museu Carlos Reis, aqui em Torres Novas e ao Museu da Aguarela Roque Gameiro, em Minde, a dois passos daqui.

É um privilégio termos na região, num raio de poucos kms, dois espaços que muito têm em comum:
Dois belíssimos edifícios, apalaçados e bem conservados; duas belíssimas colecções de pintura, para deleite de quem dela gosta; dois pintores que se cruzaram no tempo, entre meados dos séculos XIX e XX.

Ambos nasceram no interior, seguiram para Lisboa, viajaram e estudaram na Europa e regressaram ao seu país.

Carlos Reis, torrejano ilustre, discípulo de Silva Porto e figura cimeira da segunda fase do naturalismo, com uma obra invejável na paisagem, nos costumes e no retrato.

Roque Gameiro, natural de Minde, que não podendo ser marinheiro por ver mal ao longe, se tornou num verdadeiro mestre da aguarela, inigualável no rigor e no pormenor, por, como o próprio dizia, ver bem demais ao perto.

Este ano, o dia foi celebrado internacionalmente sob o lema “Colecções criam Conexões” e, tanto o Museu Carlos Reis e como o Caorg (Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro), souberam interpretar o sentido do dia.

Foi bonito ver o Charales Chorus de Minde no Museu de Torres Novas, como soube bem ser recebido por Roque Gameiro no Museu da Aguarela (numa notável encenação), que nos guiou ao seu mundo pictórico e inolvidável.

Obrigado Carlos Reis e Roque Gameiro pelo legado que nos deixaram.
E, para quem não conhece, aqui fica a sugestão em bom minderico:  “Classe da borra regatinhada de Mestre Migança”.



Adelino Pires | Alfarrabista, 20 Maio 2014

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