Comemorou-se, no passado domingo, o Dia Internacional dos
Museus.
Muitos são os dias disto, daquilo e daqueloutro sem qualquer
significado, a não ser engrossar a lista de efemérides comerciais.
Não foi o caso deste. Enchi-me de brios e fiz duas visitinhas
para assinalar o dia: ao Museu Carlos Reis, aqui em Torres Novas e ao Museu da
Aguarela Roque Gameiro, em Minde, a dois passos daqui.
É um privilégio termos na região, num raio de poucos kms,
dois espaços que muito têm em comum:
Dois belíssimos edifícios, apalaçados e bem conservados; duas
belíssimas colecções de pintura, para deleite de quem dela gosta; dois pintores
que se cruzaram no tempo, entre meados dos séculos XIX e XX.
Ambos nasceram no interior,
seguiram para Lisboa, viajaram e estudaram na Europa e regressaram ao seu país.
Carlos Reis, torrejano ilustre, discípulo de Silva Porto e
figura cimeira da segunda fase do naturalismo, com uma obra invejável na
paisagem, nos costumes e no retrato.
Roque Gameiro, natural de Minde, que não podendo ser marinheiro
por ver mal ao longe, se tornou num verdadeiro mestre da aguarela, inigualável
no rigor e no pormenor, por, como o próprio dizia, ver bem demais ao perto.
Este ano, o dia foi celebrado internacionalmente sob o lema
“Colecções criam Conexões” e, tanto o Museu Carlos Reis e como o Caorg (Centro
de Artes e Ofícios Roque Gameiro), souberam interpretar o sentido do dia.
Foi bonito ver o Charales Chorus de Minde no Museu de Torres
Novas, como soube bem ser recebido por Roque Gameiro no Museu da Aguarela (numa
notável encenação), que nos guiou ao seu mundo pictórico e inolvidável.
Obrigado Carlos Reis e Roque Gameiro pelo legado que nos
deixaram.
E, para quem não conhece, aqui
fica a sugestão em bom minderico: “Classe da borra regatinhada de Mestre Migança”.
Adelino Pires |
Alfarrabista, 20 Maio 2014
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